domingo, 11 de setembro de 2011

Milonga abaixo de mal tempo ( Luiz Marenco )



Coisa esquisita a gadaria toda
Penando a dor no mango com o focinho n'água
O campo alagado nos obriga a reza
No oficio de quem leva pra enlutar as mágas

Olhar triste do gado atravessando o rio
A baba dos cansados afogado a volta
A manha de quem berra no capão do mato
E o brao de quem cerca repontando a tropa

Agarra amigo o laço enquanto o boi tá vivo
A enchente anda danada molestando o pasto
A passo que descampa a pampa dos mil réis

E a bóia que se come retrucando o tempo
Aparta no rodeio a solidão local
Pealando mal e mal o que a razão quiser

Amaaaaaaaaaada me deu saudade
Me fala que a égua ta prenha que o porco tá gordo
Que o baio anda solto que toda cuscada lá em casa comeu

Coisa mais sem sorte esta peste medonha
Curando os mais bichados deu febre no gado
Não fosse a chuvarada se metendo a besta
Traria mil cabeças com bênção do pago

Dei falta da santinha limpando os pesuelos
E do terço de tentos nas preces sinuelas
Logo em seguida é a semana santa
Vou cego pra barraca e só depois vou vê-la

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